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m 16 de outubro de 1846, o dentista norte-americano Thomas Morton modificou para sempre a história da cirurgia, quando realizou a primeira intervenção cirúrgica com anestesia geral, usando éter inalatório.

Marco inicial

Associado a esse grande avanço, Karl Köller, em 1884, apresentou o resultado de suas pesquisas, sendo considerado o marco inicial do descobrimento dos anestésicos locais. Ao observar os efeitos analgésicos da cocaína, usou-a como anestésico tópico para procedimentos oftalmológicos.

Essas descobertas, naturalmente, continuam a ser aprimoradas, para que a ciência obtenha os vários meios de conforto e alívio da dor, a fim de que a prática cirúrgica seja desenvolvida de forma segura.

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Anestesia geral

De maneira muito simplista, podemos dividir a anestesia em dois grandes grupos, a anestesia geral e a anestesia por meio de bloqueios locorregionais. A anestesia geral, assim chamada, além da analgesia, tem como requisitos a inconsciência, o relaxamento muscular e a perda dos reflexos.

Já os bloqueios locorregionais são obtidos com auxílio de anestésicos locais, que são drogas que bloqueiam reversivamente os impulsos nervosos da área na qual são utilizados.

Análise clínica pré-operatória

Independentemente do procedimento cirúrgico e da forma de anestesia a ser utilizada, é imperativo que se faça uma análise clínica pré-operatória, visando à segurança não só do processo anestésico, mas também do processo cirúrgico.

Além das condições fisiológicas cardiorrespiratórias, é importante pesquisar se o paciente tem suas vias aéreas consideradas de fácil ou difícil acesso, pois a identificação de uma via aérea difícil requer algumas providências iniciais.

Além disso, devemos lembrar-nos da verificação de antecedentes patológicos e de complicações em procedimentos anestésicos anteriores, assim como alergia a medicamentos.

Bloqueios regionais

Os bloqueios regionais, que são obtidos por anestésicos locais, e então sem alterações da consciência, têm várias formas de execução, destacando-se os bloqueios de terminais sensitivos (pequenos ferimentos para suturas), os bloqueios tronculares (como de dedos), e também os bloqueios do espaço subarcanóideo (raqueanestesia) e do espaço epidural.

Cada um desses exemplos apresenta técnica específica, e a semelhança entre eles consiste na utilização de anestésicos locais, que, convém lembrar, podem provocar intoxicação dose-dependente.

Habitualmente, tais anestésicos caracterizam-se por sintomatologia inicial relacionada ao sistema nervoso central e, progressivamente, efeitos cardiovasculares que podem levar, inclusive, à parada cardiorrespiratória e a óbito.

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Efeitos hipnóticos

Em relação à anestesia geral, uma associação de drogas é utilizada para obter cada um dos efeitos desejados. Os hipnóticos visam propiciar a perda de consciência e a manutenção do sono, sendo exemplos o propofol e o etomidato.

Relaxamento muscular

O relaxamento muscular é obtido por drogas relaxantes, destacando-se as despolarizantes (succnilcolina) e as adespolarizantes (atracúrio e pancurônio).

Analgésicos

Os analgésicos, basicamente, são os opioides, tanto naturais como sintéticos (morfina, fentanila, sufentanila). Devemos lembrar-nos também da possibilidade dos anestésicos inalatórios (halotano, enflurano, sevoflurano), que são opções para analgesia e hipnose, porém não têm função de relaxamento muscular.

Fases

Destacamos que a anestesia geral é composta de fases: inicialmente, ocorre a indução, na qual se atingem o relaxamento muscular, a hipnose e a analgesia, propiciando a permeabilização das vias aéreas.

Frequentemente, as drogas que levam à indução têm meia-vida mais curta do que o tempo total do procedimento operatório, então necessitam ser continuadas para fazer o que chamamos de manutenção anestésica.

Recuperação anestésica

Por fim, ao término do procedimento operatório, há a fase de recuperação anestésica, na qual ocorre o retorno da consciência e da respiração espontânea, facilitando a retirada dos dispositivos de ventilação. A recuperação deve ser feita em ambiente apropriado sob monitorização.

Complicações

A anestesia geral também comporta várias complicações, como cardiovasculares, renais, neurológicas, endócrinas, hidroeletrolítica e acidobásicas, geralmente relacionadas ao estado clínico do paciente, a perdas volêmicas, à duração do processo operatório e ao uso de determinadas drogas. A hipotermia, as náuseas e os vômitos não podem ser esquecidos.

Hipertermina maligna

Existe uma complicação que é específica do processo anestésico, que é a hipertermia maligna, doença neuromuscular hereditária, autossômica dominante, caracterizada por resposta hipermetabólica, após exposição a anestésico inalatório, tais como halotano, enflurano, isoflurano, ou exposição a agente relaxante muscular succinilcolina.

Há contratura exacerbada da musculatura com hipermetabolismo e aumento de temperatura decorrente da liberação de íons cálcio.

O reconhecimento deve ser feito durante o processo anestésico, as drogas devem ser suspensas e administrado o antídoto que é o dentrolene sódico, além de medidas gerais de controle dos danos cardíacos, renais e musculares.

Como podemos observar, a anestesiologia é uma ciência extremamente importante e bem desenvolvida que tem seu uso rotineiro em todo o mundo, propiciando uma gama enorme de procedimentos necessários à manutenção da vida e da saúde dos indivíduos.

Por isso, essa técnica deve ser muito bem dominada, para a sua realização com cada vez mais segurança e sucesso.

Saiba mais: Complicações pós-operatórias.

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26/7/19
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